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Dicas para quem precisa partir

Há alguns dias, a Milana postou um texto curto no Facebook que falava sobre o longo tempo que já estava fora de casa e os aprendizados derivados de sua decisão. Achamos tão bonito que pedimos que ela nos contasse um pouco mais sobre a sua experiência. E ela topou. Obrigada, Querida!

Inspire-se com a leitura!

Família! <3

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Moro longe de casa há 18 anos e alguns dias. É mais do que o tempo que passei protegida no colo da família. Cresci de repente porque quando fiz vestibular não tinha o curso que queria na minha cidade. Então junto com o resultado veio a mudança para uma cidade grande e fria, há 600 km de casa, numa época em que celular era coisa de magnata.

Imagino que mesmo para quem amadurece a decisão não seja fácil bater as asas e voar. Quantas vezes a gente não vê os filhotes de passarinho no chão por aí, né? Estar longe é morrer um pouquinho sempre – sabe aquele esquema da pequena dose de veneno todo dia (exceto o pequena)?

Amigos!

Fato é que crescer dói e requer esforço, mas encarar esses perrengues também traz brindes de copo meio cheio. A sofrência é proporcional à oportunidade. Falar com gente que você nunca teria contato, arriscar tempo e vida naquelas viagens que obviamente vão dar errado e se transformar nas melhores piadas. Desenvolver a habilidade de planejar os feriados do ano todo num piscar de olhos, porque o destino é certo. Aprender a usar a panela de pressão e cozinhar igualzinho à sua mãe – com o tempo, algumas receitas saem até melhores que as dela, juro.

Partir requer atitude. E não precisa nascer sabendo, é uma habilidade adquirida. No começo é o exercício de não se sentir um extraterrestre por almoçar sozinha, ir ao cinema na própria companhia e sobreviver ao domingo. A dica para passar dos dias estranhos do isolamento é experimentar.  Vá naquele lugar que você não iria, faça aquela aula de dança, participe de rodas de conversa de assuntos que você não domina, sente no balcão do bar e não olhe pro celular. Observe, puxe conversa, esteja disponível.

Colo coletivo!

Aprendi que pedir ajuda funciona e sofrer sozinha atravanca a vida. Quem está disposto a ser vulnerável –  ainda que não esteja necessariamente preparado – vai sempre encontrar um amigo. O mundo é cheio de gente incrível e sonhadora, que não tem tempo pra receio e birra. Tem que ser esta semana, hoje, agora. Dia desses eu estava me sentindo sozinha ao me mudar para uma cidade nova pela quarta vez. Mandei uma mensagem para o grupo das amigas antigas pedindo indicações de amigas novas e recebi uma chuva de contatos. Vários deles se tornaram amizades que me tornaram a pessoa que gosto de ser hoje.

Banda!

Aprendi que o inesperado é meu parceiro. Que meu sorriso e disposição são tudo que preciso para viver uma aventura. Que não preciso de muita coisa além de abraço e banho quente. E a lição mais cara e incompreensível: daqui um minuto nada mais vai fazer sentido, exceto a intensidade do sentimento de trocar com outro ser vivo. Que assim impermaneça.

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