Passei quase toda minha vida em Copa. Já são 43 anos caminhando por suas calçadas. A cada rua estreita e esquecida que entro me vêm memórias do século passado, dos dias que eu usava uniforme do Sacreca (Sacre Coeur de Marie que, por força de lei, teve que ser traduzido para Sagrado Coração de Maria), um dos colégios particulares mais tradicionais do bairro.
Minha relação íntima com o bairro me torna um crítico suspeito, mas espero contaminar o leitor com o encanto que ele exerce sobre mim.
Quando criança eu morava no Bairro Peixoto, um tipo de oásis dentro de Copa, entre a Figueiredo Magalhães e a Santa Clara. Você entra pelas ruas estreitas que levam até ele e encontra uma grande praça com uma fonte, um busto de Einstein, que nem sei se continua por lá, prédios baixos e cinco ruas vazias, que servem para transitarmos dentro do próprio “bairro”. Tem até o “Pontinho“, um pequeno restaurante, quase exclusivo dos moradores da região.
Existe uma saída “secreta” do Bairro Peixoto, uma passagem para pedestres sob um prédio, que nos leva para a Santa Clara, Começo falando sobre Copacabana desse jeito, pois creio que o bairro inteiro tem um pouco desse espírito de oásis.
É claro que as principais vias como a Nossa Senhora de Copacabana, Barata Ribeiro, Av. Atlântica e Tonelero fervilham com carros e ônibus engarrafados e barulhentos, mas anda-se um quarteirão para o coração do bairro e encontram-se verdadeiros tesouros.
Um deles é um grande edifício que ocupa um quarteirão quase inteiro, entre a Figueiredo Magalhães e a Siqueira Campos.
Ele é chamado de Galeria dos Antiquários, pois abriga dois andares repletos de lojas desse tipo. Lá é possível viajar no tempo não só pelas antiguidades e obras de arte, mas também pela arquitetura de meados do século passado.
Tudo isso está no meio de Copa. Tem quase tantas ruas para a direita quanto há para a esquerda.
Outra região “secreta” do bairro é o Leme, pois o fluxo intenso dos carros termina na Princesa Isabel, que conduz a Botafogo, Flamengo e Centro, deixando um “outro bairro dentro do bairro” com poucas ruas, mas muito espaço e alguns restaurantes tradicionais como a Fiorentina, que tem as paredes repletas de autógrafos de famosos. Infelizmente um incêndio em 1992 destruiu o lugar e perderam-se autógrafos como o de Ary Barroso. Todos os que vemos hoje são de artistas vivos depois da reforma.
Pouca gente sabe mas a Nossa Senhora de Copacabana, que cruza Copacabana do início ao fim, se estende para dentro do Leme por um quarteirão e é justamente lá que fica a Confeitaria Suprema, que ainda tem um dos melhores pastéis da cidade.
Mas estamos falando apenas de comida. Apesar dos botecos e restaurantes serem parte vital do ecossistema carioca, Copacabana também oferece cultura.
O cinema Roxy permanece na esquina da Nossa Senhora de Copacabana com Bolívar, apesar de ter perdido parte do seu glamour quando foi dividido em várias salas (até a década de 90 os cinemas eram três vezes maiores que os atuais). O cinema Rian, onde assisti à Guerra nas Estrelas, não existe mais, virou um edifício, assim como o Art Palácio, que hoje é uma grande loja de roupas.
O século XXI parece ter substituído os cinemas pela socialização dos bares e preciso voltar a eles, pois logo ali do lado, descendo a Bolívar em direção à praia encontra-se um quadrilátero de bares como o Belmonte, o Boteco das Garrafas e o Adão (outro point para quem gosta de um pastel).
Antes de ir para o bar você pode seguir a Domingos Ferreira (que fica entre a Avenida Altlântica e a Nossa Senhora) até encontrar o Sesc Copacabana, onde costuma ter boas peças ou espetáculos de dança.
Tento transmitir a alma de Copa pelos seus pontos mais íntimos, mas tem uma característica que não se percebe facilmente, a não ser que você preste atenção na quantidade de farmácias a cada esquina. Há mais farmácias que lojas de suco e olha que tem muita loja de suco no Rio! Copacabana é um bairro bem povoado por idosos e dizem que é para servi-los que há tantas farmácias.
É curioso notar que as ruas estão sempre repletas de jovens, mas se você for até a orla de manhã cedo verá senhores e senhoras com mais de 70 anos, cheios de disposição, jogando vòlei ou fazendo academia ao ar livre. Copacabana não é um bairro senil, muito pelo contrário, ela é pulsante de vida, mesmo que o crescimento populacional moderno a faça sofrer com excesso de trânsito como quase todos os outros bairros das grandes cidades.
A mágica do bairro está em ser ao mesmo tempo metropolitano e bucólico ao oferecer o Leme, o Bairro Peixoto e uma dúzia de ruas “secretas” como a Assis Brasil e a Mascarenhas de Moraes.
Resta falar do espírito dos moradores de Copa. Ainda encontramos pessoas conversando nas filas do mercado (principalmente nos que ficam escondidos e frequentados por pouca gente), hospitalidade e bom humor. Me arrisco a dizer que a infância de uma criança em Copa será feliz como foi a minha!
Ah! E temos o tempero extra de caminhar por algumas das ruas mais internacionais do mundo onde a cada esquina ouvimos um idioma diferente dos turistas que entram e saem animadamente dos hostels (numerosos no bairro).
Enfim, Copa é um bairro residencial com muitas histórias que pode facilmente te conquistar!
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Como somos apaixonados por Copacabana fizemos uma lista de links úteis e ótimos pra você desbravar seus tesouros. Aproveite!
Restaurantes
Bares
Teatros
Farmácia
Lanchonetes
Outros serviços
3 Comentários
ótimo
artigo!
Puxa! Obrigado! Fiz com muito carinho tanto por Copa, quanto para os possíveis futuros vizinhos que lessem ;)
Adorei conhecer um pouquinho mais de Copa através do seu olhar.